As marchas do orgulho LGBT, do orgulho gay, do gay pride enfrentam sempre a crítica de “porquê sentir orgulho na homossexualidade – bissexualidade – transexualidade?”…
É a grande conversa de café, o grande debate social, a séria dualidade activismo/vivências privadas – mas orgulho em quê?!
Orgulho em oposição à vergonha!
À vergonha de não se ser heterossexual, vergonha de não se namorar a pessoa certa e esperada socialmente, vergonha de se ser minoria, vergonha de não se poder andar de mãos dadas na rua, carinhosa e apaixonadamente, vergonha de não se poder escrever casado ou casada no BI, vergonha de não se praticar o sexo esperado pelos pais, padres, professores, políticos, … Teríamos de opor uma palavra, uma emoção – o orgulho.
Orgulho em se ter uma orientação sexual que nos é própria, com toda a diversidade que ela possa trazer e não ter medo das consequências, tantas vezes assustadoras ao nível público ou privado.
Porque é que a discriminação positiva choca tanta gente? Não deveria chocar mais a invisibilidade dos amores homossexuais e bissexuais? Quando formos todos iguais, em vez desta democracia em que “uns são mais iguais que outros” não será necessária…Mas ainda o é!
A invisibilidade é o dia-a-dia: na família evitar dizer o nome da outra pessoa, com quem se sai à noite e onde, com que se vive; no trabalho esconder as férias, os jantares, os momentos privados; na escola por quem bate o coração – Porque não ter uma tarde e uma noite de visibilidade? Em que andar de mãos dadas não é mal visto pelos outros que andam também de mãos dadas? Em que não partem do princípio que fazemos parte da heterossexualidade, em que há espaço para se ser homossexual, bissexual ou transgénero – ou apenas nós próprios.
Assim, orgulhosamente gosto de fazer a marcha todos os anos – às vezes tenho a minha pessoa comigo, outras vezes não. Não é preciso estar a dar a mão a alguém naquele momento para saber que os meus passos valem mais do que só andar, estou a fazer o caminho para a igualdade no amor, orgulhosamente.
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