terça-feira, 20 de maio de 2008

a (minha) primeira marcha

25 de Junho de 2005

a primeira marcha

Veio o grande dia, o dia da marcha.
Sai de casa e parti sozinho para a marcha.

Cheguei ao marquês e muita gente. A hora da apresentação do manifesto tinha começado. Vi amig@s, sorrisos preparadíssimos para começar… Mas eu não. Admito que foi um pouco difícil de início. Por um lado, não queria ser apanhado em fotos e câmaras dos meios de comunicação social. Não queria uma exposição involuntária a pessoas que me conhecem da vida dita normal. Contradição? Sim. Por isso afastei-me, fui comprar cigarros e consumar a minha indecisão.

As pessoas, as cores, as faixas e bandeiras, os adereços, a diversidade, os afectos, as mãos dadas, as vozes em uníssono. A marcha tinha começado. Foi de uma beleza refinada ver o orgulho desta afirmação - não é pedido nada mais do que igualdade.

Senti-me sozinho. Sei que teria sido muito mais fácil com alguém ao lado. Mas não fui ter com quem conhecia, fiquei a observá-los do passeio a desfilar, com a força e energia com que os conheço. Fiquei feliz por os ver e ver as muitas pessoas que participavam. Caminhei ao lado deles, pelos passeios como aqueles que preferem o anonimato e vêm ver só por curiosidade. Mas não foi esse o motivo que me trouxe. De qualquer modo, foi engraçado assistir a algumas reacções de quem via, dizem por mera casualidade.
A pouco e pouco, a minha apreensão foi se desvanecendo ao longo da avenida. Acompanhei a festa como os imensos (quase tantos quantos iam em plena estrada) que iam pelos passeios. A música, o ambiente. As palavras de ordem na música dos humanos. As palavras de ordem sem música. Gostei de ver a paz e alegria generalizada entre tod@s. Via gente conhecida, a desfilar, nos passeios.
No fim da avenida, encontro uma cara conhecida. Foi muito agradável. Ela aliviou um pouco do peso que sentia e, pouco a pouco, fui-me sentindo em casa. Com essa cara conhecida veio outra e outra e, vai na volta, vejo-me na meio da marcha junto com amigos e todas as outras pessoas.
A chegada ao rossio foi em alegria e de prazer ao ver as pessoas, iguais na festa e tão diferentes entre si. LGBT com um enorme H a acompanhar. A festa no bandeirão era vísivel a tod@s. É uma imagem fabulosa ver a esvoaçar nos ares de história do rossio, uma enorme miscelânea de cores. Principalmente, sabendo o que ela significa.

Nuno

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