segunda-feira, 16 de junho de 2008
Fracturante é ficar parad@
Eu era contra a marcha LGBT. Não pela existência de uma marcha, enquanto forma de luta contra a discriminação ou pela exigência de direitos devidos. Mas na questão do orgulho LGBT, acreditava que a melhor forma de luta era viver a minha vida sem medos e encorajar os outros a vivê-la também. Além disso, não me identificava com as imagens mostradas na televisão, acreditava até que diminuíam a luta pelos direitos LGBT.
Até que em 2002, uma amiga minha me disse - "como é que tu, que lutas tão facilmente por outras causas, não participas na marcha LGBT?". Expliquei-lhe calmamente a minha opinião. E ela, com uma bofetada de luva branca, explicou-me a minha falta de solidariedade e até a hipocrisia e conformismo dos meus argumentos.
Mostrou-me que por eu viver a minha vida sem medos, não quer dizer que possua realmente direitos iguais. Mostrou-me que aqui em Lisboa ou em qualquer outra cidade deste país, existem pessoas com ainda menos direitos e para quem uma imagem ou uma palavra na televisão ou no jornal, com a qual se identifiquem, pode ser determinante no seu percurso de vida. Mostrou-me que ir à marcha LGBT é gritar a plenos pulmões que jamais aceitaremos ser discriminados e é acreditar que temos o poder de mudar este país em que vivemos.
Ao caminhar nesta marcha encontrei muitas pessoas com as quais me identifiquei, muitas outras com as quais nada tenho em comum. E é exactamente esta diversidade que, felizmente, é celebrada na marcha LGBT. Percebi que os meus preconceitos sobre a marcha eram apenas preconceitos.
Em 2008, quero ver mais heterossexuais, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgéneros a provar que esta é uma questão de tod@s. É uma questão de direitos humanos mostrar que tod@s merecemos direitos iguais.
No fundo, é só a isso que se refere o orgulho (essa palavra que mete medo a tanta gente). Não nos torna superiores a ninguém, torna-nos apenas conscientes que só indo para a rua com o orgulho que temos em ser como somos, poderemos mostrar a nossa força e exigir os direitos que nos devem.
Não podemos negar a alguém o direito de casar, de adoptar, de mudar de sexo. Não podemos impedir alguém de expressar livremente o seu amor, ou a sua identidade. Não podemos acima de tudo discriminar alguém pela sua orientação sexual ou identidade de género. Não podemos permitir que o Estado, para o qual todos contribuimos, o faça, nomeadamente através de instituições públicas, como o Instituto Português de Sangue, que impede homossexuais masculinos de doar sangue, baseando-se apenas na sua orientação sexual.
Fracturante é ficar em casa, parad@ e não perceber que esta discriminação silenciosa me pode afectar a mim, a ti, à minha melhor amiga, ao teu filho, à tua mãe e a tantas outras pessoas que não conhecemos. E isso é só solidariedade.
Vasco Freire
Até que em 2002, uma amiga minha me disse - "como é que tu, que lutas tão facilmente por outras causas, não participas na marcha LGBT?". Expliquei-lhe calmamente a minha opinião. E ela, com uma bofetada de luva branca, explicou-me a minha falta de solidariedade e até a hipocrisia e conformismo dos meus argumentos.
Mostrou-me que por eu viver a minha vida sem medos, não quer dizer que possua realmente direitos iguais. Mostrou-me que aqui em Lisboa ou em qualquer outra cidade deste país, existem pessoas com ainda menos direitos e para quem uma imagem ou uma palavra na televisão ou no jornal, com a qual se identifiquem, pode ser determinante no seu percurso de vida. Mostrou-me que ir à marcha LGBT é gritar a plenos pulmões que jamais aceitaremos ser discriminados e é acreditar que temos o poder de mudar este país em que vivemos.
Ao caminhar nesta marcha encontrei muitas pessoas com as quais me identifiquei, muitas outras com as quais nada tenho em comum. E é exactamente esta diversidade que, felizmente, é celebrada na marcha LGBT. Percebi que os meus preconceitos sobre a marcha eram apenas preconceitos.
Em 2008, quero ver mais heterossexuais, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgéneros a provar que esta é uma questão de tod@s. É uma questão de direitos humanos mostrar que tod@s merecemos direitos iguais.
No fundo, é só a isso que se refere o orgulho (essa palavra que mete medo a tanta gente). Não nos torna superiores a ninguém, torna-nos apenas conscientes que só indo para a rua com o orgulho que temos em ser como somos, poderemos mostrar a nossa força e exigir os direitos que nos devem.
Não podemos negar a alguém o direito de casar, de adoptar, de mudar de sexo. Não podemos impedir alguém de expressar livremente o seu amor, ou a sua identidade. Não podemos acima de tudo discriminar alguém pela sua orientação sexual ou identidade de género. Não podemos permitir que o Estado, para o qual todos contribuimos, o faça, nomeadamente através de instituições públicas, como o Instituto Português de Sangue, que impede homossexuais masculinos de doar sangue, baseando-se apenas na sua orientação sexual.
Fracturante é ficar em casa, parad@ e não perceber que esta discriminação silenciosa me pode afectar a mim, a ti, à minha melhor amiga, ao teu filho, à tua mãe e a tantas outras pessoas que não conhecemos. E isso é só solidariedade.
Vasco Freire
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1 comentário:
confesso que só não vou porque não vou estar cá, mas espero que corra tudo bem e que tenham bastante adesão.
força.
beijinhos *
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