sexta-feira, 27 de junho de 2008

Percurso


Príncipe Real

Rua de S. Pedro de Alcântara

Largo Trindade Coelho

Rua Nova da Trindade

Rua Garrett

Rua do Carmo

Rua do Ouro

Praça do Comércio

quinta-feira, 26 de junho de 2008

A primeira vez é agora

A primeira vez foi em 1974, nos meses que se seguiram a Abril, com a fundação do MLM (movimento de libertação da mulher) e a publicação no Diário de Lisboa do manifesto do MAHR (movimento de acção dos homossexuais revolucionários. Pela primeira vez as palavras impressas, gente a pensar e a agir. Para que a liberdade tivesse também a forma da libertação sexual e de género.

Depois no verão de 1980, com o CHOR (colectivo de homossexuais revolucionários), e a sua participação no desfile do 1º de Maio seguinte em que empunharam pela primeira vez cartazes de activismo “homossexual”, como se dizia na altura. E sem ter estado presente nestas ocasiões, ainda conheci a primeira sede, no velho e ocupado edifício da D. Carlos I..

Em 1991 voltou a haver uma primeira vez com a formação do GTH (grupo de trabalho homossexual do PSR) e, no 1º de Maio da CGTP desse ano, com cartazes e pancartas que desde então não largaram a manifestação/festa pelos direitos do trabalho, em Lisboa.

Nesse ano de 1991 a “Organa”, primeira publicação lésbica que antecedeu dois anos a “Lilás”.

Em Junho de 1995, com o GTH na discoteca Climaz, no que foi a primeira comemoração pública do orgulho na cidade. Lembro as escadas onde Al Berto declamou poesia e depois o Fernando cantou, lembro a magia de uma noite que, finalmente, deixava para trás os tempos da clandestinidade, do gueto.

Em Junho de 1997 no primeiro Arraial Pride organizado pela Ilga, no Jardim do Príncipe Real. Palco modesto, muita improvisação, mas uma festa que era de todos e de todas, respirámos e o ar era livre… No dia seguinte muitas reportagens nos jornais com fotos onde ninguém mostrava a cara. E mesmo as pessoas do activismo que o faziam eram menos do que os dedos de uma mão.

Em Setembro desse ano vimos os filmes do 1º Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa e acompanhámos, no ano seguinte, o trabalho de elaboração do primeiro Manifesto conjunto, divulgado no 2º Arraial Pride. Assinavam-no GTH, a Ilga, a Opus Gay e a Abraço.

Em 2000 a primeira Marcha do orgulho. Pela primeira vez a confiança para descer a rua e ganhar o Rossio. Pela primeira vez pessoas a perderem o medo de se mostrarem tal como são, com os seus amores e todas as suas cores.

Em Maio de 2005 a primeira vez foi em Viseu, naquele que foi o primeiro e, até agora, único momento nacional contra a homofobia. “Os paneleiros há-dem morrer todos!”, diziam quem nesse dia se escondeu com raiva porque aquela cidade era a capital do orgulho e da solidariedade LGBT.

E em Março de 2006 em frente ao Patriarcado de Lisboa, a homenagear Gisberta, insultada depois de assassinada. E nesse ano, a primeira Marcha do Orgulho no Porto, o contágio à segunda cidade do país, nas ruas que Gisberta tinha percorrido e onde viveu. A transfobia a ser aí pensada pela primeira vez com a reacção necessária de que já não podemos abrir mão.

E no ano passado, a conduzir (novamente) o carro de som da Marcha, pela primeira vez com uma criança ao meu lado, a jogar gameboy entre os balões coloridos que fazem parte da sua vida.

E poderia ter sido este mês em Ljubljana, em Cracóvia, Moscovo ou em Harare. Sempre que a repressão e o preconceito nos fizerem lembrar que há quem seja perseguido, quem seja alvo de tortura e violência constante, quem não possa marchar sem ser na clandestinidade de leis absurdas e práticas criminosas.

A minha primeira Marcha ainda há-de ser. Será no próximo sábado a partir do Jardim do Príncipe Real. E todas as outras que estão para vir.

João Louçã

Vem à Marcha

quarta-feira, 25 de junho de 2008

São José Lapa apela à participação na Marcha LGBT 2008



actriz São José Lapa apela à participação na marcha LGBT 2008, sábado 28 Junho pelas 16h no Príncipe Real, em Lisboa.

Luís Lucas Apoia a Marcha LGBT 08



actor Luís Lucas deixa mensagem de apoio à Marcha do Orgulho LGBT 2008.

São José Lapa apoia a Marcha do Orgulho LGBT 2008

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Marcha que marcha

Acabo de chegar de Madrid e pelas ruas do bairro Chueca sentem-se já os preparativos para mais uma marcha do orgulho LGBT, que este ano será no dia 5 de Julho. As revistas, os jornais e os cartazes convidam à participação de todos, convocam a uma maior visibilidade de uma comunidade/grupo que alcançou visibilidade sem medo e com coragem. De regresso a Lisboa pensei ter um dia uma comunidade que se mexesse, que se contaminasse e se dedicasse unida a uma causa cada vez mais necessária. A causa LGBT é inclusiva, convoca toda uma sociedade a aceitar a diferença, não para imitar modelos de fora, mas porque realmente respeita a voz de cada indivíduo.

A primeira vez que saí à rua foi em 2005 acabava de iniciar a minha vida profissional na cidade e como gay desejava descer a Avenida da Liberdade (a seu tempo demasiado larga esta avenida), porque tinha já participado em paradas noutros países e parecia-me uma hipocrisia não fazê-lo no meu próprio país. Além disso, estava farto de ver um conjunto de pessoas com medo de dar a cara e preocupadas, sobretudo, com a imagem que os meios de comunicação davam de um grupo que sempre quis, quer ser livre e diferente. Pelo menos uma vez por ano era possível ver em marcha expressões já usadas no bar ou na festa temática.

Quando desci aquela avenida dei-me conta que era necessário convocar mais pessoas, muitas pessoas para que os governantes deste país se dêem conta do “fracturante” que é estarmos em pleno século XXI sem direitos. Como todos sabem, os nossos direitos não retiram direitos a ninguém e ampliam a nossa voz como sociedade plural que a Constituição contempla. Como todos sabem é preciso deixar de ter medo de exercermos a nossa cidadania e de nela marcarmos a vida em comum.

A marcha este ano abre-se a mais associações e colectivos e não há pois desculpa para não sair à rua e reivindicar o que tanta falta nos faz.

Espero que a marcha seja um lugar de contaminações para os anos seguintes (só vamos na nona marcha) e que as pessoas se aproximem e queiram de facto um país plural. Chega de esperarmos e de nos lamentarmos que a marcha já marcha.

André Soares

Venham à Marcha!

domingo, 22 de junho de 2008

Pessoas fracturantes?

Parece-me evidente o papel fundamental das manifestações LGBT e outras na conquista pela igualdade de direitos. Parece-me igualmente evidente o grau de discriminação que tod@s aquel@s em Portugal, vivem fora das normas de género e dos regimes heterossexuais. Vidas difíceis de serem vividas, sem condições de igualdade face a outr@s cidadãs/ãos. Pessoas “fracturantes”.

Vivemos num país que guardou para as mulheres preconceitos inaceitáveis, como provou a luta de mais de 30 anos, pelos direitos sexuais e reprodutivos. A legislação aprovada em decorrência do referendo mostrou que não é por aí que queremos continuar a ir. A democracia é de tod@s.

Infelizmente, continuam a existir pessoas a quem certos direitos fundamentais não são reconhecidos. Pessoas que não podem ver a sua relação reconhecida pela lei, em igualdade com outras relações, se assim o desejarem. Pessoas tratadas de forma inaceitável e desumana pela legislação e pela medicina, que guardam para el@s, obstáculos quase intransponíveis e processos que se arrastam anos. Pessoas que não podem chamar-se Antónia, porque diz no BI que, afinal, são António. Pessoas que não podem adoptar uma criança, apesar dos abundantes exemplos da institucionalização das crianças em Portugal, em situações lesivas dos seus direitos a terem uma família e uma educação. Pessoas que são excluídas da procriação medicamente assistida. Pessoas que são vítimas de preconceito, discriminação e de violência, por terem uma condição fracturante com as normas heterossexuais e sexistas. Enfim, uma multiplicidade de pessoas “fracturantes”.

Mas serão fracturantes as pessoas? Ou chegaremos a ser pessoas, com o sistema de discriminações múltiplas que as leis e as práticas sociais nos reservam?

Ou é fracturante o sistema que as considera fracturantes?

Queremos mesmo que estas pessoas (nós) continuem(os) a ser tratadas como não pessoas? Queremos viver num país que guarda para uns a condição de cidadãos e para outr@s, a situação de estrangeir@s, em liberdade condicionada? Ou numa democracia que trate tod@s como cidadãs/ãos de facto?

Participar na marcha pode ser um princípio de conversa, de reivindicação, de dizermos que estamos aqui. De dizermos que não queremos viver num país assim. Que queremos uma democracia para tod@s. Sem que nos trate como uma fractura.

João Manuel de Oliveira (investigador em estudos de género)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Fracturante é ficar parad@

Eu era contra a marcha LGBT. Não pela existência de uma marcha, enquanto forma de luta contra a discriminação ou pela exigência de direitos devidos. Mas na questão do orgulho LGBT, acreditava que a melhor forma de luta era viver a minha vida sem medos e encorajar os outros a vivê-la também. Além disso, não me identificava com as imagens mostradas na televisão, acreditava até que diminuíam a luta pelos direitos LGBT.

Até que em 2002, uma amiga minha me disse - "como é que tu, que lutas tão facilmente por outras causas, não participas na marcha LGBT?". Expliquei-lhe calmamente a minha opinião. E ela, com uma bofetada de luva branca, explicou-me a minha falta de solidariedade e até a hipocrisia e conformismo dos meus argumentos.

Mostrou-me que por eu viver a minha vida sem medos, não quer dizer que possua realmente direitos iguais. Mostrou-me que aqui em Lisboa ou em qualquer outra cidade deste país, existem pessoas com ainda menos direitos e para quem uma imagem ou uma palavra na televisão ou no jornal, com a qual se identifiquem, pode ser determinante no seu percurso de vida. Mostrou-me que ir à marcha LGBT é gritar a plenos pulmões que jamais aceitaremos ser discriminados e é acreditar que temos o poder de mudar este país em que vivemos.

Ao caminhar nesta marcha encontrei muitas pessoas com as quais me identifiquei, muitas outras com as quais nada tenho em comum. E é exactamente esta diversidade que, felizmente, é celebrada na marcha LGBT. Percebi que os meus preconceitos sobre a marcha eram apenas preconceitos.

Em 2008, quero ver mais heterossexuais, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgéneros a provar que esta é uma questão de tod@s. É uma questão de direitos humanos mostrar que tod@s merecemos direitos iguais.

No fundo, é só a isso que se refere o orgulho (essa palavra que mete medo a tanta gente). Não nos torna superiores a ninguém, torna-nos apenas conscientes que só indo para a rua com o orgulho que temos em ser como somos, poderemos mostrar a nossa força e exigir os direitos que nos devem.

Não podemos negar a alguém o direito de casar, de adoptar, de mudar de sexo. Não podemos impedir alguém de expressar livremente o seu amor, ou a sua identidade. Não podemos acima de tudo discriminar alguém pela sua orientação sexual ou identidade de género. Não podemos permitir que o Estado, para o qual todos contribuimos, o faça, nomeadamente através de instituições públicas, como o Instituto Português de Sangue, que impede homossexuais masculinos de doar sangue, baseando-se apenas na sua orientação sexual.

Fracturante é ficar em casa, parad@ e não perceber que esta discriminação silenciosa me pode afectar a mim, a ti, à minha melhor amiga, ao teu filho, à tua mãe e a tantas outras pessoas que não conhecemos. E isso é só solidariedade.

Vasco Freire

domingo, 8 de junho de 2008

A 1ª vez foi a doer…

A 1ª marcha do orgulho a que assisti foi em Amesterdão, em 2005, estava na altura a viver lá temporariamente e como é evidente, toda a experiência é de uma outra realidade que não conhecemos cá.

Em Portugal, a minha 1ª marcha LGBT foi a 1ª marcha que se realizou no Porto. E foi a doer – participei no grupo organizador que ousava sair à rua, de uma forma que nunca ninguém tinha feito, numa cidade frequentemente tida como conservadora. Estávamos no ano de 2006, Gisberta tinha sido assassinada há muito pouco tempo. O movimento debatia-se com questões muito delicadas face a este hediondo crime e o tema da transfobia era, pela primeira vez, discutido intensamente.

Três anos depois, sei que todo o processo desta 1ª Marcha na Invicta, foi um risco demasiado grande. Os apoios que vinham de dentro do próprio movimento nem sempre eram os melhores. Mas fizemo-lo. Partindo de muito pouco, com quase nenhuma experiência, cometendo erros próprios de quem arrisca o que não conhece. Depois de muita discussão, entre @s mais céptic@s e @s mais optimistas, conseguimos estabelecer um consenso entre várias associações e colectivos – contávamos com a participação de alguns grupos não-LGBT que foram preciosos – e iniciamos o processo.

Toda a experiência de construção da marcha foi, para mim (e sei que para tod@s @s outr@s que lá estiveram) um dos momentos políticos mais marcantes da minha vida. A Comissão Organizadora, partindo de quase nada, foi um exemplo de democracia, de eficácia, de participação e de coragem política. Democracia, porque a estrutura sempre se preocupou em incluir tod@s nas discussões e decisões e sempre soube partilhar tarefas com a humildade suficiente de quem não quer saber se esta associação é melhor do que aquela ou faz mais isto do que a outra ou é mais LGBT do que a anterior. Eficácia, porque perante uma fasquia tão elevada, independentemente dos erros cometidos e contra tanto cepticismo e descrença, a marcha saiu à rua! Participação, porque desde logo ficou bem explícito que tod@s eram convidad@s – as diferenças políticas foram discutidas e resolvidas e a diversidade de colectivos e pessoas foi uma mais-valia feroz com que pudemos contar. Coragem, porque tod@s e cada um/a arriscou muito para participar nesta organização, lutou muito contra o medo de tod@s @s que nos vaticinaram ao fracasso desde o início e saiu em defesa de um projecto que contava com muito poucas armas para triunfar.

A 1ª Marcha LGBT no Porto aconteceu. Teve pouco mais de 200 pessoas. E foi um sucesso! De participação, de visibilidade, de cor, de alegria, de evocação da memória da Gisberta, de receptividade e ao mesmo tempo de repúdio popular. Era tudo o que uma marcha nestas condições poderia desejar. Na Marcha LGBT do Porto couberam tod@s os que lutam por um mundo mais igual, sempre respeitando a diversidade e as diferenças! Ela é por isso um exemplo para o movimento!

A Marcha LGBT no Porto vai já na sua 3ª edição e enfrenta agora o desafio do crescimento. Mas uma coisa é certa: ela veio para ficar! Já não faço parte desta organização mas tenho na memória, para sempre, a marca desse momento histórico e o orgulho (mais um…) de ter participado naquele que foi um dos acontecimentos politicamente mais importantes do movimento LGBT em Portugal.

Agora vivo em Lisboa e participarei na Marcha da capital, sempre impulsionado pela força desse momento que foi a chegada de tantas cores à praça D. João I, no dia 8 de Julho de 2006.

Bruno Maia

2º Video Promo Marcha LGBT '08

sábado, 7 de junho de 2008



28 Junho. 9ª Marcha LGBT Lisboa

APARECE. FAZ-TE OUVIR



foto por Cláudio Vieira.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Video Promo - Marcha LGBT Lisboa 2008



Pela Igualdade de Direitos e contra a Invisibilidade e a Discriminação.

A Marcha LGBT é de, e para TOD@S. Dia 28 Junho em Lisboa.

Aparece!


A marcha no YOUTUBE